FESTA DA NATUREZA
(Gereba / Patativa do Assaré)
Raimundo Fagner - 2002
Chegando o tempo do inverno
Tudo é amoroso e terno
No fundo do pai eterno
Sua bondade sem fim
Sertão amargo esturricado
Ficando transformado
No mais imenso jardim
Num lindo quadro de beleza
Do campo até na floresta
As aves lá se manifestam
Compondo a sagrada orquestra
Da natureza em festa
Tudo é paz tudo é carinho
No despertar de seus ninhos
Cantam alegres os passarinhos
O camponês vai prazenteiro
Plantar o seu feijão ligeiro
Pois é o que vinga primeiro
Nas terras do meu sertão
Depois que o poder celeste
Mandar a chuva pro nordeste
De verde a terra se veste
E corre água em borbotão
A mata com seu verdume
E as fulô com seu perfume
Se enfeita com vagalumes
Nas noites de escuridão
Nesta festa alegre e boa
Canta o sapo na lagoa
O trovão no ar reboa
Com a força desta água nova
O peixe e o sapo na desova
O camaleão que se renova
No verde-cana que cor
Grande cordão de borboletas
Amarelinhas brancas e pretas
Fazendo tanta pirueta
Com medo do bentiví
Entre a mata verdejante
Seu pajé extravagante
O gavião assartante
Que vai atrás da jurití
Nesta harmonia comum
Num alegre zum zum zum
Cantam todos os bichinhos...